Ao longo de duas décadas num jornal siciliano, a fotógrafa
Letizia Battaglia captou 600.000 imagens das cenas brutais da máfia italiana. Criou, aquilo que ela qualificou de "arquivo de sangue". Apesar da violência, crueldade e corrupção alguns mafiosos como
Al Capone,
John Gotti ou
Tony Soprano foram romantizados e até mesmo glorificados no cinema americano e nos media.
Just for Passion é uma exposição de fotos sobre a
Cosa Nostra que está até Abril de 2017 na
Fondazione Maxxi, em Roma. Letizia Battaglia, agora com 81 anos viveu com o fotógrafo
Franco Zecchin da lendária agência
Magnun. Trabalhou no jornal
L'Ora numa época em que os clãs
Corleone e
Stidda se degladiavam. As suas fotos mostram uma sociedade com uma vivência diária onde os assassinados se tornaram banais. Sem limites. Em 1993, a polícia procurou o seu arquivo de imagens e encontrou duas fotos do então primeiro-ministro da Itália,
Giulio Andreotti, com o chefe da máfia
Nino Salvo. As fotografias, destituídas de glamour, contam a história da infinita complexidade do sistema italiano, aquele em que o crime organizado está profundamente envolvido com a política e a sociedade. Em 1992, fecharam o jornal
L`Ora. No mesmo ano, a máfia mata os juízes
Giovanni Falcone e
Paolo Borsellini. A sinistra organização sofreu uma dura repressão do governo, mas não acabou. Já não mata indiscriminadamente. Atingiu uma certa sofisticação e entranhou-se no tecido do establishment. Está na política, nos jornais, na economia e no estado. Mais do que nunca é um "polvo" modernizado.
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