Num livro de propaganda do ISIS de 100 páginas intitulado Bandeiras Negras de Roma, o apoio da Máfia é apresentado como a chave para a penetração do Estado Islâmico na Itália. "A Mafia tem uma forte presença no país. Tem uma milícia forte e aproveita a fraqueza do governo italiano. Além disso, tem acesso ao mercado negro de drogas e armas ", diz-se na página 79 do livro electrónico". Mas Enzo Ciconte, professor de História do Crime Organizado da Universidade de Roma, diz que a ideia de um Estado governado pela Máfia que protege o seu território do ISIS não é muito convincente. "A Máfia nunca controlou regiões inteiras da Itália, nem mesmo quando estava no seu pico de expansão, por isso não é correto considerá-la capaz de exercer controle tão amplo e ser uma medida protectora dos ataques terroristas", disse. Para ele o contrário é verdade. Quando se trata de relações da Máfia com grupos terroristas, a palavra a usar é "convergência" mais do que "hostilidade". A Polícia Tributária da Guarda Financeira Italiana de Veneza prendeu os chamados "napolitanos do ISIS" com a alegação de comércio ilegal internacional de armas e de material de dupla utilização com países sob embargo como o Irão e a Líbia. A principal preocupação também está relacionada a uma mediação suspeita que vê membros do clã Camorra ajudando o Estado Islâmico a passar pelo sul da Itália para chegar a outros países europeus."O ISIS não é um bom cliente para a Máfia", garante Cristian Barbieri, que trabalha no Programa de Segurança e Defesa do Instituto para Assuntos Internacionais. "Em primeiro lugar, porque os terroristas militantes são altamente monitorizados pela Inteligência, e a Máfia não quer atrair a atenção da polícia. Em segundo lugar, porque a Mafia e o ISIS lucram com diferentes negócios: a máfia de drogas e armas, ISIS de petróleo e resgates ", sublinhou Barbieri a Al Arabiya.
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