Estou interessada em ler este livro escrito por
Myriam Benraad. Doutorada em ciências políticas e especialista do mundo árabe e do Médio Oriente, analisa a linguagem usada pelo Estado Islâmico para conquistar os combatentes através de revistas, estações de rádio, agências de notícias, Internet e redes sociais. Disseca os fundamentos básicos que estruturam todo o discurso criado por teólogos e ideólogos. "Estamos confrontados com uma ameaça de longa duração", disse a autora numa entrevista ao jornal
Libération. Fala da zona cinzenta onde muçulmanos e não muçulmanos convivem e que os jihadistas querem destruir. "A noção de "zona cinzenta" é tirada do último livro de Primo Levi que designou o espaço ambíguo entre opressores e oprimidos. Usado pelo EI, essa noção é pura fantasia, uma construção que lhe permite dissociar-se do mundo e construir uma identidade militante... Vivemos em uma era globalizada hiper-moderna, que produz ansiedade. Há um grande investimento do EI na identidade dos "verdadeiros muçulmanos" contra a dos "infiéis" e "apóstatas". Sua interpretação da realidade é muito distante dos textos sagrados. Subverteram conceitos teológicos em construções ideológicas. Esta dinâmica é pretendido como identidade política que pode atingir muitas pessoas em potencial". Apesar da derrota militar e da ideia do "Califado" estar comprometida, não significa que o projecto tenha acabado. "Eles permanecem activos na Líbia, no Sinai, África e Ásia. Têm uma enorme capacidade de redistribuir sangrentos atentados e continuar a atacar em todos os lugares. Além disso, a ideologia continua a florescer".
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