sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Equador na mira


O jornalista norueguês Eirik Vold identificou o candidato actual da vice-presidência para o partido de direita CREO do Equador como um contacto chave dos Estados Unidos no país, quando Hillary Clinton era secretária de Estado. No seu novo livro, "Ecuador in the Sights: The WikiLeaks Revelations and the Conspiracy Against the Government of Rafael Correa", divulgado nesta semana em Quito, o autor detalha tentativas do governo americano de derrubar o presidente equatoriano Rafael Correa. A obra baseia-se nos documentos "Cablegate" divulgados pelo WikiLeaks em 2010, incluindo milhares de documentos secretos enviados da Embaixada dos EUA em Quito e do consulado em Guayaquil. "Há uma interferência directa dos EUA no Equador", disse Vold ao jornal El Telegrafo, acrescentando que "os documentos mostram uma estreita relação entre várias figuras da vida política equatoriana, do sector financeiro e da embaixada dos Estados Unidos". Depois de sua eleição de 2006, Correa nacionalizou a Occidental Petroleum Corp e fechou a base dos EUA em Manta.
No seu livro, o jornalista documenta múltiplas tentativas dos EUA para sabotar a UNASUL - o corpo da cooperação regional fundada em 2007 por governos progressistas na América Latina - bem como amplos contactos entre a Embaixada dos EUA e membros da força policial nacional antes de uma tentativa de golpe em 2010, conhecido como 30S. Em 2015, uma vintena de policias foram considerados culpados de insubordinação pelo seu papel no fracassado golpe. Vold também afirma que os Cables secretos identificam várias ONGs, media, finanças e contactos políticos que a embaixada dos EUA usou para tentar desestabilizar o governo de Correa.
O jornalista norueguês, que tem escrito extensivamente sobre o envolvimento dos EUA na América Latina, incluindo um livro sobre a Revolução Bolivariana de Hugo Chávez, disse que o Equador é de particular importância devido aos seus esforços para proteger o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, "protector do direito à informação para todo o planeta. Estamos falando de uma região com a maior concentração de recursos naturais do mundo e, obviamente, uma região que é conhecida como o 'quintal' dos EUA". "As actividades dos EUA são muito intensas na região, mas têm sido mantidas, na última década, com uma estratégia mais discreta e mais encoberta".

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