O cineasta russo
Vitaly Mansky decidiu fazer um filme na Coreia do Norte que é uma espécie de buraco negro no mundo moderno. Após dois anos de negociações com as autoridades conseguiu ter acesso a este estranho país. Mas o governo assumiu o controlo, forçando-o a repensar completamente o conceito do seu documentário. O odioso regime escolheu todos os locais onde filmar, pretendendo tornar o documentário numa peça de propaganda. Apresenta um dia na vida da jovem
Zin-mi e da sua família que vive em Pyongyang. Mas revela muito mais sobre o país do que seria de esperae. Vemos os funcionários do governo dirigindo os actores como bonecos, encenando o seu desempenho cuidadosamente. Contornando as sanções impostas sobre o conteúdo da obra, o cineasta gravou takes e guardou as imagens num segundo cartão de memória que conseguiu esconder. "Sabia que o controlo era muito rigoroso, mas não imaginava que fosse tanto. Exigiam a entrega do material filmado diariamente para verificarem o que continha. Felizmente que o conhecimento técnico dos norte-coreanos é fraco. Nem sequer sabiam que havia dois cartões de memória. Mas senti muito medo. Confiscaram os nossos passaportes logo no aeroporto e proibiram-nos de sair do hotel desacompanhados. As cores do filme -cinzas, brancos e castanhos- eram exactas mas também serviram como uma projecção do regime. Frio e desolado. A música, composta pelo letão
Karlis Ausans, contribuiu para criar um humor triste", relata o autor de
Under the Sun.
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