O panorama da imprensa actual, em particular dita cultural, está dominada por uma incapacidade de análise objectiva e por uma uniformidade de critérios que se expandiu com o pensamento global transmitido pela internet, o que significa superficial. Li uma crítica na Slate Magazine sobre o filme Sicario: Dia do Soldado, que considero um grande filme, estupidamente dirigida pela cegueira intelectual própria da sociedade de espectáculo. Desvaloriza o roteirista Taylor Sheridan que escreveu o argumento da película Hell or High Water (2012), baseado na história de dois irmãos da América profunda que assaltam um banco que roubou a fazenda da família através de uma hipoteca pérfida. Enfim, o habitual esquema do capitalismo. "Três missões no Iraque, mas nenhum resgate para pessoas como nós", queixam-se. E com razão. "As histórias da classe trabalhadora e das pessoas pobres em lugares como Arizona, Texas, Montana e a fronteira militarizada com o México são o ambiente de Sheridan". Coisas que nunca interessaram às elites que escrevem nos jornais e agora ainda menos com Trump no poder. "Os filmes de Sheridan têm políticas difíceis de mapear. Hell ou High Water não é exatamente de direita (o inimigo final é a América corporativa). Sicario não tem simpatia pelos cartéis de drogas, mas também retrata os Estados Unidos como incentivadores de um ciclo vicioso de violência que prende e destrói pessoas inocentes e corrói o estado de direito". É verdade e está certo. Acusar Sheridan de incoerência parece-se uma desonestidade vesga. Também diz que Sheridan tem influências claras de Michael Mann, outro dos meus realizadores preferidos. E depois?
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