quinta-feira, 19 de julho de 2018

Vistos negados


Muitos artistas saídos da Síria queixam-se que as fronteiras internacionais estão fechadas para eles, enquanto tentam construir uma vida profissional e criativa no exílio. O fotógrafo Khaled Akil, por exemplo, foi impedido de entrar nos Estados Unidos mais de uma vez, o que coincidiu com um convite do Centro Markaz na Universidade de Stanford para expor o seu trabalho. Não é o único que enfrenta essa frustração. Em 2015, ao artista Thaier Helal foi negada a entrada no Reino Unido, onde o seu trabalho estava sendo exibido no espaço londrino da Ayyam Gallery. Em 2014, todo o elenco de "Síria: As mulheres de Tróia" viu negados vistos para uma performance em Washington, DC. O mesmo sucedeu com o rapper Mohammed Abu Hajar, residente da Alemanha, que ia realizar um espectáculo no Reino Unido. No ano passado, um quarto dos artistas convidados para um festival centrado nas artes árabes, não conseguiram entrar em Edimburgo e a maioria deles tinha passaportes egípcios, sírios, palestinos e sudaneses. No mesmo ano, o clarinetista sírio Kinan Azmeh, residente em Nova Iorque e graduado pela Julliard, ficou preso em Beirute depois da proibição de Trump ter entrado em vigor. O produtor sírio Kareem Abeed, que vive na Turquia, não pôde comparecer à cerimônia do Oscar depois do seu pedido de visto para os EUA ser rejeitado. Mais recentemente, o artista sírio Khaled Barakeh, que vive em Berlim, recebeu uma notável série de rejeições. Veio pela primeira vez para a Europa antes do conflito sírio para estudar na Dinamarca e continuou os seus estudos na Alemanha onde actualmente é um solicitante de asilo. Está envolvido como artista e curador no desenvolvimento de uma cena artística síria em toda a Europa. Foi convidado pela organização britânica Counterpoints Arts para participar do programa “Quem Somos Nós” na Tate Modern em Maio, mas não lhe concederam o visto.
Segundo Omar Berakdar da organização artística Arthere baseada em Istambul, as rejeições não se limitam à Europa e aos EUA, mas incluem a Jordânia e o Egipto, países que rotineiramente negam vistos a artistas sírios. Barakeh sabe que os problemas com vistos não se restringem a uma região ou a um continente. Em 2016 foi convidado a participar na Bienal de Xangai, mas a China negou-lhe um visto. Agora, teme também que não o deixem participar na próxima Bienal da Coréia do Sul. Ao poeta Tito Valery, também lhe negaram vistos para visitar diversos países europeus, mesmo com considerável apoio institucional. Mas existem alguns artistas que conseguiram obter vistos através do programa Artist at Risk, sediado em Helsínquia, que garante aos países anfitriões que o indivíduo não permanecerá como requerente de asilo nos países que visitar.

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