A revista de esquerda Jacobin que costumo ler (dispenso o NYT que tem inúmeros colaboradores ex-CIA)entrevistou Guillaume Long que foi ministro de Negócios Estrangeiros de Rafael Correa. Segundo o ex-ministro, o actual presidente, Lenin Moreno, foi eleito para continuar a revolução popular de Rafael Correa. Mas ao invés disso está desmantelando-a."Em pouco mais de um ano, a paisagem política no Equador mudou dramaticamente. Por mais de uma década, a Revolução Cidadã iniciada com Rafael Correa deu grandes passos na redução da pobreza e desigualdade, inclusive tirando da rua e colocando na escola centenas de milhares de crianças, ao mesmo tempo em que aumentava significativamente a classe média equatoriana. O país também alcançou estabilidade política e social, depois dos anos de agitação que se seguiram à crise bancária de 1998". Nas eleições de 2017 o Equador parecia ter resistido à tendência de vitória da direita em toda a América Latina. O candidato da Aliança Lenin Moreno, foi eleito numa plataforma de continuidade – mas começam a surgir sinais de uma divergência. Moreno e Correa são agora inimigos ferozes, com o governo de Moreno procurando prender seu ex-aliado como fez com o último vice-presidente de Correa, Jorge Glas. O governo de Moreno aliou-se também com forças políticas da direita para aprovar medidas significativas de “austeridade” e liberalização, enquanto muda a política externa do país para uma disposição amistosa com os EUA. Nesse processo, Lenin ganhou o apoio da mídia. De repente havia essa enorme hegemonia reconstruída em torno da sua figura, o que lhe permitiu consolidar-se politicamente.Mas havia uma percepção, em certos sectores da esquerda, de que Moreno seria mais progressista nos temas de género e em políticas identitária. Não aconteceu nada disso.Eu diria que a esquerda é quase inexistente hoje, no governo. Aqueles sectores que se uniram ao governo de Moreno pouco a pouco se deram conta de que ele tinha uma agenda liberal, fundamentalmente. Estamos agora vendo todas essas leis entrar em vigor, basicamente trazendo um novo tipo de ajuste estrutural que se afasta do modelo de desenvolvimento que Correa e seu governo implementaram.ão se pode dizer, como Moreno, “sou a favor da Revolução Cidadã, o que fizemos é realmente importante em termos de nossa soberania, em termos de justiça e redistribuição social” e depois se aproximar dos Estados Unidos, querer expulsar Julian Assange da embaixada, aderir à Aliança do Pacífico, colocar um fim ao processo de paz entre o Exército de Libertação Nacional (ELN) e o governo colombiano no Equador e implementar um agressivo programa de ajuste estrutural neoliberal. Não se pode dizer, como Moreno, “sou a favor da Revolução Cidadã, o que fizemos é realmente importante em termos de nossa soberania, em termos de justiça e redistribuição social” e depois se aproximar dos Estados Unidos, querer expulsar Julian Assange da embaixada, aderir à Aliança do Pacífico, colocar um fim ao processo de paz entre o Exército de Libertação Nacional (ELN) e o governo colombiano no Equador e implementar um agressivo programa de ajuste estrutural neoliberal".
Guillaume Long sublinha ainda: "Precisamos unir a esquerda e superar nossas diferenças. É sempre mais fácil superar as diferenças estando na oposição do que fazê-lo sendo governo, porque quando seestá governando, fazem-se coisas que dividem as pessoas. Mas quando se está na oposição, é muito mais fácil encontrar o que Laclau costumava denominar significantes vazios, que fazem uma plataforma ampla e antioligárquica. E peso que, da próxima vez que estivermos no governo, devemos nos esforçar para ter menos divisões do que tivemos neste momento, e tentar manter essa plataforma".
- Refere-se ao sociólogo e teórico político argentino Ernesto Lacrau que é considerado pós-marxista. Tem vários livros publicados. Com a sua mulher, cientista política belga Chantal Mouffe, participou no movimento estudantil dos anos 1960. Posteriormente, rejeitaram a idéia de que o determinismo econômico marxista e a luta de classes fossemos pontos fundamentais na dinâmica social. Defendem a importância de se desencadear uma democratização radical e um antagonismo pluralista no qual se possam expressar harmonicamente os conflitos sociais. Escreveram um livro sobre o conceito de populismo e foram importantes influências intelectuais do Syriza e do movimento espanhol Podemos. Íñigo Errejón, que considero mais inteligente do que Pablo Iglésias, é definido como um discípulo de Lacrau.
adios amigos
Há 9 anos
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