Peter Beard, o artista aventureiro da alta sociedade americana, amigo íntimo dos
Kennedy está desaparecido desde há quase duas semanas. Desapareceu da sua mansão de Montauk, nos Hamptons. Consta que tinha demência. Dezenas de polícias com cães, drones e equipamentos técnicos vasculharam a área à volta da sua propriedade onde mantém o estúdio e vivia com a terceira esposa, a afegã
Nejma que lhe administrava a carreira.
As suas colagens elaboradas a partir de imagens documentais, eram fantásticas. Eu entrevistei-o para a revista
Icon na galeria
Time Is Always Now, no Soho de Nova Iorque onde as suas obras estavam expostas naquela altura. Tinha uma parceria com
Peter Turney, um financeiro de Wall Street, naquele espaço de arte que era frequentado por modelos, artistas e celebridades. Aconteciam ali festas com champanhe e muitas drogas, sobretudo cocaína.
Peter Beard, oriundo de uma família riquíssima era uma figura típica de uma certa casta nova-iorquina. Loiro, olhos azuis, pele bronzeada das suas expedições no Quénia onde tinha uma propriedade. Era vizinho da escritora
Karen Blixen com quem estabeleceu uma relação de companheirismo. Era um homem lindíssimo. Charmoso e um pouco arrogante, falou das suas colagens, das suas aventuras perigosas e das musas que o inspiraram. Descobriu
Iman nas ruas de Nairobi que viria a tornar-se uma
top model.
Depois de fechar o
Studio 54 ,conheceu num clube da Tribeca a modelo
Maureen Gallagher com quem teve uma ligação amorosa que durou 12 anos. Foi-lhe apresentada por
Grace Jones, uma das suas grandes amigas. É
Gallager, a rapariga que ele fotografou nua ao lado de uma girafa. Beard, apesar de ter feito muitas capas para a revista
Interview, fundada por
Andy Warhol, um amigo muito próximo, é mais conhecido por suas fotografias da vida selvagem africana. Drogas, dívidas e mulheres bonitas preencheram-lhe a sua vida..Foi casado com a super-modelo
Cheryl Tiegs na década de 1980 e teve casos com
Candice Bergen, Carole Bouquet e
Lee Radziwill, irmã de
Jackie Kennedy. Em 2017, a sua terceira esposa, a afegã Nejma, colocou-o numa ala psiquiátrica no Hospital St. Luke's-Roosevelt depois dele ter levado duas prostitutas russas para o luxuoso duplex no Uptown de Manhattan onde o casal vivia.
Francis Bacon pintou-o mais de 20 vezes. "Era o homem mais bonito do mundo", disse o pintor.
Como fotógrafo da vida selvagem,
Peter Beard ganhou reputação com "
The End of the Game". Assistiu desolado ao desastre no Parque Nacional Tsavo, no Quénia, onde dezenas de milhares de elefantes morreram de fome devido à invasão da civilização e da má administração dos conservadores. Viveu experiências arriscadas na sua amada África, esteve à beira da morte depois de ser atacado por uma manada de elefantes. Adorava o perigo. Mesmo com 80 anos não desistia dos seus dotes de playboy, das festas nocturnas nos clubes onde tinha salas reservadas. Depois do
Lotus fechar em 2008, era cliente assíduo do
Provocateur, no Meatpacking District.
Peter Beard é aquilo que os americanos costumam de dizer: um personagem maior do que a vida. Recordo-o na galeria com a sua
Nikon F, vestido com roupa de safari e sandálias. E agora? Desaparecido sem deixar rasto.
Sem comentários:
Enviar um comentário